sexta-feira, 16 de setembro de 2011

METRÔ EM BAIRRO NOBRE... PORQUE NÃO?

   É caros amigos... esta semana os moradores de Higienópolis, bairro nobre da cidade de São Paulo onde já morei por alguns anos, demonstraram como é abissal a diferença entre o politicamente correto e a política do "você sabe com quem está falando", ainda muito em voga em terras tupiniquins.
  Moradores indignados, estupefatos, perdendo o sono, e tudo isso porque havia a possibilidade de implantarem uma linha do Metrô e sua respectiva estação "Higienópolis" no bairro. Antes de imaginarem que poderia ser  um conforto para os moradores e pessoas que trabalham na região, antes mesmo de lembrar que seria também ambientalmente correto, que poderia diminuir os indices de emissão de poluentes na região, eles em uníssono côro fizeram ecoar pelos corredores de concreto mais valorizados da cidade, que "pessoas de classe mais baixa", "maconheiros", "ladrões" e todo tipo de pessoas..."pitorescas" (palavras de um infeliz que mostrou-se indignado com a idéia do metrô), vagariam por ruas e praças, trazendo um certo desconforto.
  A aristocracia do inicio do século passado ainda resiste em meio aos casarões, ainda que poucos, não perderam sua imponência, seja abrigando um restaurante ou um buffet infantil, os outros foram ao chão com o passar do tempo, dando espaço aos modernos empreendimentos da região, mas parece que de moderno só o aspecto dos novos casarões, pois a mentalidade provinciana resiste entre aqueles que ali residem. O bem coletivo é um tabu ainda, a divisão de classes faz-se mais explicita, e o mal estar causado por declarações que se não totalmente infelizes, chegam a ser tragicômicas, demonstra que a inclusão social, o bem estar comum, o interesse coletivo e a eficiência do governo só são aplicados nas regiões menos nobres, pois no Feudo da Região de Higienópolis,  o governo não pode demonstrar pulso.
  Consciência ambiental não é plantar hortelã no parapeito de suas mansões suspensas para garantir o cházinho da noite, pensar na coletividade não é imaginar aquela reunião no shoping no final de tarde, facilitar a vida do trabalhador não é garantir o uniforme novo e impecável e tampouco a nova lavadora de alta pressão... como diria Bóris Casoy "isto é uma vergonha!".
  O transporte público deve ser democratizado, bem como o acesso à todas as regiões e bairros, muitos dos antigos moradores do bairro (inclusive amigos meus) são descendentes de pessoas que sofreram nos guetos na Europa durante a segunda guerra, então porque segregar a população mais simples, porque criar guetos morais separando as pessoas desta maneira? Será que com toda a carga de informação, com toda a cultura que reside no bairro, o que ocorre é uma involução?
  Pessoas que lá residem trabalham em outros bairros, pessoas de outros bairros trabalham por lá, em Londres o metrô está presente em todos os lugares ( e eles mantém a pompa, ainda que... "indevida" para os dias de hoje), a qualidade de vida não é só para o trabalhador, mas para o morador também, hoje o carro importado está na garagem garantindo conforto e segurança, e amanhã? Quem garante que em caso de emergência o transporte publico não possa ser utilizado?
 Vamos deixar a vida do começo do século passado nas novelas de época, e vamos rever os conceitos da realidade atual, deveriam cobrar a segurança, não a retirada do metrô.
  A responsabilidade social é um dever de todos... lembre-se, quem garantiu a entrega das chaves da sua cobertura no bairro, não sabia comer com garfo de peixe  tampouco utilizou uma "faiança inglesa" em seu horário de almoço. Pensar no próximo é o exercício de cidadania que separa os cultos dos ignorantes... respeito, é bom e todos gostam.

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