domingo, 17 de junho de 2012

O "STATUS" DA FÉ...

   
   " Enquanto houver hipocrisia ligada a religião, enquanto houver vaidade ligada a fé, enquanto houver censura ligada aos locais que devem fornecer conforto espiritual... haverá pobreza de espirito daqueles que os administram, que propagam palavras de fé e de ordem, mas não as praticam. " ( T.Marques)

     Palavras duras? Não, apenas a constatação de uma realidade, de uma verdade incômoda, de uma "mutação" oriunda não da evolução mas das respostas ao mais primário dos anceios do homem, a necessidade de atenção.

        Já frequentei e observei várias religiões, na maioria das vezes buscando entender a fé que as movia e aí descobri o segredo comum à todas, o combustível que as mantém, a própria fé.

        Crer em quê? A fé é derivada da crença, mas antes de derivar da crença em uma religião, ela vem do lugar mais obscuro e que mais necessita de luz, o interior de cada um.

        Um agnóstico que produz, sobe na vida, enriquece de maneira justa... tem fé em que? Em quem? Se ele é agnóstico ele tem fé na figura principal de cada religião, na figura que alimenta, sustenta, move estas religiões e suas ramificações... o próprio homem.

         Então na busca por uma resposta,e na justificativa da fé por motivo maior e não pela fé em si, diz-se " à sua imagem e semelhança". 

         Voltando ao local "obscuro" supra citado, aquele que acena com uma luz ainda que cálida, torna-se o norte para esta pessoa, é a fé sendo atraída para fora, para um rótulo, para uma denominação, uma nomenclatura.

          Não sou um ateu, mas a revolta toma conta quando percebo que em determinados lugares, a fé das pessoas foi transformada em comércio, em reunião social, em posição social (status) e em muitos casos, em plataforma política.

         Claro... alguns mais céticos e incrédulos de que esta seja uma realidade possível, certamente externarão sua revolta com minhas palavras, e neste caso devem então reconhecer a validade e a veracidade das outras religiões. Ou seria... hipocrisia certo?

          Todas as religiões tem seu mérito, todas tem pontos positivos, todas  (cada qual a sua maneira) evoluem, algumas a passos largos, outras timidamente, mas o que as torna "repulsivas" em alguns casos, é a interpretação, o tipo de julgamento que  os seus "interlocutores" aplicam, é a maneira como lidam com a fé do povo.

           A tolerância, o respeito, a solidariedade são a base de qualquer religião, de qualquer exercício de fé, da fé.

            Então que religião tem prerrogativas para achar que pode ser intolerante com opiniões contrárias? Qual delas pode achar que merece mais respeito do que as outras, que tem a fé mais respeitável? Qual delas realmente estende a mão quando ao seguir o que ela prega, o indivíduo no exercício da boa fé, acaba por prejudicar-se?

                E a... "soberba"... não é um pecado? Uma infração? Uma presunção equivocada e errada?

            Não julguemos a religião, a crença em si, e sim os que a pregam, os que teoricamente "traduzem" ensinamentos, mandamentos, leis, ditados, pregações e analogias.

             Toda religião que exercita a censura de idéias e questionamentos, deixa claro que há um grande vazio ali, na conduta de quem conduz este "trabalho", ou nas escrituras que a regem, e neste caso caímos novamente na figura do interlocutor. É este o responsável pela... tradução.

              Evoluir não é um termo "espirita", mas sim uma palavra simples que demonstra a boa fé para entender, aprender e adaptar-se... e como na evolução natural tudo aquilo que não se adapta, some, extingue-se... não é necessário perder a essência, mas sim crescer com a experiência.

                Aquele que usa a fé, uma posição de admiração pela fé, por uma crença, para manter um certo status, nada mais é do que um vendedor, que falsifica seus produtos, lesa o povo e o faz pela pobreza de espirito, pela pobreza na própria fé.

            

            

           

Um comentário:

  1. Boa reflexão. A discussão em torno desse assunto, tão polêmico, exige algumas premissas conceituais. É importante definir, antes de discutir, o que se entende por RELIGIÃO, FÉ, DEUS, INSTITUIÇÃO RELIGIOSA, DOUTRINA RELIGIOSA. Fazer tais definições facilita bastante para o leitor seguir sua linha de raciocínio. Parabéns.

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